Até podia ser, de qualquer modo tinha sido apenas até 2006, data em que a tradicional empresa americana HEINZ comprou a marca LEA & PERRINS que pertencia à francesa Danone.
Em 1921, uma bebida chamada “Bloody
Mary” foi criado pelo barman do Harry’s New York Bar de Paris quando
este misturou vodca, suco de tomate e algumas gotinhas do molho LEA
& PERRINS, tornando assim o molho ainda mais famoso e místico.
Conta a tradição que lorde Marcus
Sandys era um apreciador das boas coisas da vida. Nascido na região de
Worcester, cidade inglesa conhecida pela indústria alimentícia e
renomada fabricação de porcelana, foi para a Índia no início do século
19, na época controlada pelo Império Britânico. Desembarcando ali, na
província de Bengala, da qual se viria a tornar governador, uma das suas
primeiras iniciativas foi procurar um grande cozinheiro. Encontrou um
mestre em forno e fogão que, além de lhes preparar pratos elegantes das
culinárias ocidental e oriental, temperava-os com um molho escuro e
condimentado. O profissional da cozinha tornara-se conhecido por essa
criação e não revelava a fórmula a ninguém. Antes de regressar à
Inglaterra, porém, lorde Sandys conseguiu que ele lhe entregasse a
receita do tal molho. Então, mandou comprar os ingredientes e
especiarias, colocou-as na bagagem e voltou para casa.
Em 1835, chegando a Worcester,
entregou aos químicos John Wheeley Lea e William Perrins, proprietários
de uma pequena farmácia de manipulações fundada em 1823, uma série de
ingredientes do mar e da terra: anchovas fermentadas, alho,
cravo-da-índia, chalotas, extrato de carne,
mel de cana, molho de soja, pimenta do reino, essência de tamarindo e vinagre
de malte. Confiou-lhes também a receita do cozinheiro indiano e
encomendou alguns litros do tal molho. Algum tempo depois, lorde Sandys
apareceu para provar o resultado. Nem ele nem Lea e Perrins gostaram,
deparando-se com um molho desastroso e intragável. Como o cliente nunca
mais apareceu, os donos da farmácia acabaram esquecendo o barril do
condimento numa prateleira empoeirada do porão. Quase dois anos depois,
os proprietários precisaram de espaço e uma faxina se fez necessária.
Foi quando os dois lembraram do tal molho e resolveram experimentá-lo.
Para surpresa de ambos, o líquido rejeitado havia se convertido em um
tempero divino de sabor especial, após ter fermentado e amadurecido. Com
suas experiências na área química, concluíram que a ação do tempo tinha
operado aquele milagre e que detinham uma fórmula a ser mantida
secreta. Começava então a história do molho da região de Worcester
preparado por Lea & Perrins.
Texto retirado daqui.